Nós somos como caixinhas de surpresas. Tudo o que somos não passa de surpresa aos nossos olhos materiais. Ninguém nunca saberá o que se passa lá no fundo do nosso "eu". Ninguém sabe se hoje é o nosso dia de festa, de choros, de sorrisos, de enterros ou de mudanças. Na realidade, é como se todos fossemos cegos. Cegos mesmo. Cegos quando desprezamos aquilo que realmente deve ser admirado e tentamos mirar com os nossos dois olhos um corpo, uma pele ou uma roupa que nada diz sobre um outro coração.
Nós nunca saberemos ler um coração, sem antes, lermos o nosso. Nós nunca conheceremos um coração, sem antes, fecharmos esses nossos olhos tão enganados e tão injustos, e olharmos um pouco além do que está tão óbvio.
Nós somos como caixinhas de surpresas e, mesmo que muitas vezes a gente se esbarre em espadas e em quinas que surgem de repente, a gente se surpreende dia e noite com coisas que queremos, pra sempre, manter guardadas e seguras dentro das nossas caixinhas.