segunda-feira, 28 de junho de 2010

Flor que se abrace.

Honestamente, nunca fui lá flor que se cheire. Não pelo veneno no perfume, ou pelos espinhos maldosos. Apenas pela não voz de seda, pelo não amaceamento dos pensamentos, para que cheguem como canções de ninar aos ouvidos dos amargos, e pelas atitudes contrárias ao que deveriam ser, em horas em que não deveriam ser. E, mais uma vez sendo honesta... Não quero mais ser flor que se cheire. Das vezes em que tentei, não me senti tão eu, quanto agora. Além de ter tomado um certo receio destas flores que se devem ser cheiradas. Cá trás uma impressão de omissão, de silêncio forçado e outrora, superlativamente falando, de um perfume mutável. Um perfume que, muda-se, de acordo com cada olfato. Talvez uma tática marota para que nenhum ser, reprove um perfume que deveria ser aprovado pelo mundo. E se não fosse... Ia lá outro ser, tornar-se uma flor que não se cheire.
Como entrei agora, no Jogo da Total Verdade...Gostaria de doar o segundo motivo, pelo qual não me esforçarei para ter tal certificado de flor: Não gosto de doar tal liberdade profunda. Que não me cheirem, oras! Se me conhecem a grossura, a acídez e o amargo, porque diabos me compram?! Me atirem a metros de distância, me atirem ao Japão de teu mundo...e confesso, é lá que ficarei. Talvez pela simples não vontade, de uma flor que não se cheire, de não contaminar as outras flores que guardas em seu precioso járdim. Só não te atrevas a cheirar demasiadamente as minhas pétalas, que esta, meu caro...Tem espinhos bem afiados no caule. Mais uma vez, tenho que repetir que os espinhos não são maldosos. Os espinhos são defesa. Assim como os escudos e artificios que sei que tens, nos momentos necessários. Os meus são os espinhos, e gostaria que estes não fossem vistos como vilões. Pois não são.
Não quero ser flor que se cheire, não. Eu quero ser flor que se beba, flor que se apaixona, flor que se quer por perto. Quero ser flor que se olha e se quer conhecer. Quero ser flor que se gosta, além das pétalas de um quase veludo. Quero ser flor que se descobre que existem folhas e espinhos por entre toda ela. Mas, enquanto não me presenteiam com os meus quereres, muitas vezes até um tanto utópico...Me contento fácilmente em ser apenas uma flor. Porque ser "apenas" uma flor, me atribui muitas qualidades e defeitos, que me tirariam o "eu", se fossem distribuídos de forma diferente, ou se simplesmente não fossem.
Como dizia Lispector: "Suponho que me entender não é uma questão de inteligência, e sim de sentir, de entrar em contato...Ou toca, ou não toca". Talvez inteligência seja óbvio demais. Previsível demais. A única função, nesse caso...É enganar quem pensa que a usa. "E sim de sentir...De entrar em contato". Oh, querida Lispector...Como isso é dificil. Como sentir é tão mais dificil que interpretar pela lógica, qualquer coisa. Alguns ainda pensam que não. E eu, honestamente, não consigo mais senti-los.

Ah, á propósito... Quero ser flor que se abrace e flor que se dê um beijo na testa.