domingo, 22 de dezembro de 2013

Despedaçada

"Caiu e despedaçou-se. Ou melhor, derrubaram a moça e ela ficou só os caquinhos. Alguns foram arremessados lá longe, outros, um pouco mais perto. Mas até os que estavam perto, pareciam estar há quilômetros de distância e se fosse medido em tempo, há anos e anos de distância.
Alguns passavam, viam a moça no chão e riam, mesmo que sem mostrar os sorrisos. Outros lamentavam, mesmo que não fizessem nada para ajudá-la. Outros tentavam oferecer a mão para que ela levantasse, mas a moça, no fundo, parecia querer continuar ali, aos pedaços.
Ninguém parecia entender. Como uma moça pode ser tão boba? Não lhe deram esperteza em algum momento da vida? Não ter vontade de levantar-se e de tornar-se novamente inteira parecia insano a alguns olhos.
Pobres! A moça se via ali, não caída, mas deitada, descansando da queda. Estudando minuciosamente o encaixe de cada caquinho.
Colou os cacos, se fez inteira e em sua segunda queda foi ao chão, mas logo se levantou e pensou: Ufa, dessa vez continuei inteira! Quebrar-se é necessário, mesmo que doa. Mesmo que recompor-se exija força de vontade. Só assim a moça se fez forte, só assim a moça, na segunda queda, aprendeu a cair sem quebrar-se." (Laís S. M) 

sábado, 21 de dezembro de 2013

Tentar

"Sei... De tanto lhe querer lhe tirei a incerteza se seria sempre sua. Fiquei nua, sem mistérios e sem nada que me cobrisse, que lhe instigasse a descobrir os meus encantos.
Vê em outras os encantos, que os meus, os teus olhos escondem.
Que fazemos então?
À sua tentativa me entrego. Me entrego à espera, à metade e ao perdão.
Me jogo como quem salta rumo ao mais alto sonho, mesmo sentindo, lá no fundo, que isso não passa de ilusão. Ou mesmo sentindo um medo latente, que vai escurecendo aos poucos.
Sabemos bem que nunca acreditei em coisas mornas ou em amores divididos. Mas sabemos bem que "tentar" me instiga, mesmo sabendo que, ao mesmo tempo, é tormenta.
Parece não entender. Parece injusto até, sentir-me assim, mesmo diante de tantas ações suas.
Meu coração vê. E mais que isso, ele sente. E mais que isso, ele guarda. 
Vê, sente, guarda... e sorri. 
Entende? Ele se alegra e reconhece as tentativas.
A angústia vai além. A angústia é a questionadora.
A angústia sempre aparece pra perguntar: Será mesmo que no mundo dos sentimentos, as tentativas são eficazes? 
E o que faz continuar é ouvi-lo dizer: Eu te amo." (Laís S. M)