segunda-feira, 26 de abril de 2010

Não sentimento.


Me acordaram com tapas. Corri contra um humor que eu sabia que não ia me fazer feliz hoje. Dei um pulo gigante quando olhei pro relógio, que sempre me assusta. Um tanto de água, que deveria ser morna. Mas hoje, ela oscilava entre o absolutamente quente e o frio. Nem me importei. Agora eu corria contra a água que saia do chuveiro. Parecia devagar demais, comparado com a minha pressa. Me olhei no espelho, e procurei o sorriso mais apropriado pra hoje. Não encontrei nenhum que coubesse. Imaginei todo o caminho, imaginei todas as pessoas, todas as mesmas conversas de ônibus, todos os olhares falsos que eu tinha que tolerar, todas as pessoas que sugam os meus bons humores e tudo aquilo que eu teria que aguentar, mesmo achando tão besta. Faz uns dias, que prometi a mim mesma, que não sorriria sem querer. Então, nem me importei em pegar um sorriso pra hoje.
Sim. Fui obrigada a olhar coisas que eu disse que não queria olhar. Algumas mentes que acham que são melhores que outras, outras que não fazem aquilo que deveriam fazer, outras que só conseguem pensar em inveja, outras que não sabem cuidar da própria vida, outras que mal nos conhecem e contam tudo sobre a vida e sobre os amores delas(na minha terra, isso tem nome, e é PSICOPATA).
Abaixava a cabeça, tentando dormir ali mesmo. E nem notei que era tão desconfortável. Tentei não escutar nada quando fechei os meus olhos. Mas, as mesmas vozes me aguniavam cada vez mais.
Algumas vozes me confortaram, mesmo sem saber.
E então, faço o mesmo trajeto de todos os dias como hoje.
ANDAR RÁPIDO, AS ÁRVORES, UM LUGAR MOVIMENTADO, PASSA PERTO DO CAIXA ELETRÔNICO, ATRAVESSA A FAIXA, OLHA AS BLUSAS BARATAS, AS SANDÁLIAS FEIAS DE PLÁSTICO, O MESMO VENDEDOR DE DVD's VENDENDO OS MESMOS DVD's DE SEMPRE, COLCHÕES QUE ME CHAMAM COVARDEMENTE, ESPELHOS EM UMA LOJA DE MÓVEIS, O MESMO SHOW DA BEYONCÉ PASSANDO NA TV DA LOJA, COMPRA SUCO, DESCE CORRENDO, ENTRA ATRASADA E SAI MORTA.

Não. Tudo o que eu sinto hoje, não cabe em mim.
Sabe, me bateu uma vontade de não terminar o post...
Simplesmente deixar inacabado, como muitas outras coisas que hoje ficaram.
Sim, farei isso...




Tchau.
Vou tentar dormir, ou escrever um pouco mais.

Ei, moço.


Ei! Senta aqui comigo,
que eu também não quero ouvir ninguém agora.
Preciso de um abrigo silencioso e secreto,
onde tudo que desejo está perto.
Onde nada soe tão falso,
como todas as coisas que já passaram por este banco.

Ei! Pode encostar a cabeça nos meus ombros.
Tentarei não me mexer muito.
Se puder, olhe calorosamente nos meus olhos.
E se não for pedir tanto,
quando eu lhe pedir um abraço longo,
não me olhe com tanto espanto, não!
Apenas segure as minhas mãos frias,
e me ajude a sair da solidão.

Ei! Pode também, deitar a cabeça no meu colo.
Não me importo!
Pra falar a verdade, até gosto.
Talvez assim,
eu me sinta bem, para lhe dizer tudo aquilo,
que você já sabe.

Ei! Me tira daqui, agora.
Eu não me importaria em desaparecer por algumas horas.
Me leva pra onde eu consiga respirar melhor.
Onde o ar não seja tão abafado assim.
Onde as gentilezas não sejam apenas uma obrigação.
E sim, apenas puro afeto, e nada mais.

Ei! Você está sumindo como todos sumiram.
Ei! Pra onde você está indo??
Ei! Este banco sempre esteve vázio?
Ei! Ei! Ei! Ei...