sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Sueños

Preciso lhe contar sobre o sonho, espelho. Não sei se se lembra, mas espero que entenda os nove minutos de atraso e que me perdoe. Depois daquela longa conversa em que nós dois percebemos o quanto somos parecidos, eu realmente senti que eu teria alguém que entenderia um pouco das minhas bagunças e que não faria questão de organizá-las, mas talvez de entendê-las um pouco mais. Como já deve saber, viajo bem longe nos pensamentos. Começo com os pequenos e quando percebo, eles já deram frutos enormes que me fazem perder a hora e o caminho de volta pro real. No caso, o meu caminho seria viajar, voltar pro real e ir sonhar, como o prometido. Me perdi um pouco na viagem e o resultado foi os nove minutos de atraso, que eu insisto em justificar aqui. Confesso que me culpei bastante por ter me atrasado pra sonhar. E espero que a tolerância do nosso castelo de sonhos, não seja apenas de cinco ou quatro minutos, mas que sempre possamos ter livre acesso para começarmos um novo sonho ou recomeçarmos os antigos. 
De longe eu avistei o tal castelo. Fui correndo, empolgada com o que via e cheia de expectativas. Acho que tinha vontade de sonhar logo, sonhar novo, sonhar alto e sonhar por dentro dentro. Quando cheguei um pouco mais perto, avistei três grandes portas. Todas elas tinham grandes placas que não diziam nada. Placas de silêncio e placas transparentes. O que queriam elas? Parece que as vezes os sonhos nos pedem que escutemos o silêncio tão bem e certamente ainda não aprendemos essa arte. Talvez por isso a escolha cega ao abrir alguma das portas. Resolvi abrir duas: a minha e a sua. E então, as três portas se abriram. E em cada uma delas eu avistei um estágio diferente. Na primeira, avistei lagartas no estágio de pupa. Pareciam quietas, mortas, preguiçosas e até assustadoras lá dentro. E quem escolheria sonhar com elas? Na segunda porta, avistei tais lagartas, fora de suas pupas e um tanto encolhidas. Agora elas que pareciam ter medo. Estavam extremamente diferentes de quando entraram em suas pupas. Foi quando abri a terceira porta e vi milhares de borboletas coloridas, movimentando suas asas e fazendo desenhos no ar, com uma delicadeza sem nome.
Não acharia outro ser tão semelhante ao nosso "eu". Em momentos tão encolhidos, em outros ainda um tanto agarrados ás bordas e quando pensamos que não, asas singelas e doces aparecem junto ao canto dos pássarinhos. Sonhei que éramos borboletas. Borboletas que sempre iniciavam um novo processo de "borboletagem"...

Ps: Dizem que as únicas cores que as borboletas enxergam é vermelho, verde e amarelo. Cuidado! Talvez os sonhos sejam mais reais do que parecem.