quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

O racional

Ela chegou a um ponto tão cansado de si, que não sabe mais reagir quando algo dentro dela resolve dar a ideia de sair da luta. Antes o seu lado emocional logo gritava: "Não! Não! É impossível viver sem essa luta. Apesar da luta deixar marcas doloridas após alguns golpes, é a luta que me faz cócegas e me faz enxergar cores que jamais conheceria sem ela. Tenho que lutar, é esse o preço". Mas agora, de tanto lhe falarem de um "lado racional", resolveu procurá-lo dentro de si, para tentar amenizar os efeitos da luta. E desde então, esse "lado racional" a tem torturado a cada segundo. Ele o tempo inteiro diz: "Você é uma estúpida! Luta por amor com algo que luta por apenas uma vida menos só!". Será que vale à pena?
Só o que ela queria, era uma trégua. Ou apenas que o outro lado a abraçasse e dissesse: "Chega! O que importa é que nada importa, só o fato de que prefiro lutar o tempo inteiro com você a andar no parque com qualquer outra pessoa. Prefiro lutar com você a passar mil dias com qualquer outra pessoa. Qualquer".
Mas as esperanças se foram. Seu coração não mais escuta essa trégua como algo possível, mas como algo fantasiado pelo tal "lado emocional".  O "lado racional" tem dominado tanto, que agora ela não mais consegue imaginar que exista uma luta verdadeira, sabe? Uma em que ambos os lados preferem estar alí, lutando o tempo inteiro para manter um abraço seguro, um beijo doce e uma conversa sem fim.
E ela agora agradece. Agradece sinceramente por esse "lado racional" ter mostrado que tudo não passa de uma grande mentira. Que tudo isso é medo da solidão, camuflado atrás de um sentimento que nunca existiu.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Cadê?

Ela quer ser lida. Ela quer acreditar que nem tudo é de mentira. Ela quer alguém que, em dias como esse, diga: Notei que hoje você precisa de mim e eu estou aqui, pra qualquer coisa. Faz tempo que alguém não consegue ler o seu grande coração. Talvez por ser grande demais. Ou simplesmente por estar dando um coração grande demais à um que é acostumado com os pequenos. Talvez ela esteja insistindo naquilo que quer, mesmo sabendo que nunca a farão sentir como a estrela mais brilhante em uma noite de céu estrelado e nem a rosa mais bonita no meio de todas as outras.
Ela precisa de carinho. De um abraço onde nenhuma das partes deseja soltar. De um beijo na testa que doasse toda a ternura que seu coração tem pedido. Ela precisa de mãos desembaraçando os nós das pontas dos seus cabelos. Ela precisa de segurança. Ela precisa sentir-se segura em algum lugar. Precisa de um porto seguro e disponível.
Mas cadê?