domingo, 18 de abril de 2010

O que eu sempre quis falar.


... E então, o silêncio preenche a sala inteira. O carro e a cozinha. E eu sempre odiei o silêncio, quando ele vem pra incomodar. Aquela respiração aflita e aquelas ações pensadas, pra que nada saísse do planejado. Somente o barulho da tv, que em busca de menos silêncio, estava no volume máximo. E mesmo assim, o silêncio era angustiante. E de repente, vem ele novamente, me falando sobre o último jogo e sobre o próximo jogo do seu time preferido, que por uma necessidade, o fiz acreditar que também era o meu time preferido. Mal sabe ele que aquelas novidades nunca me interessaram de verdade. Mal sabe ele, que pouco me importa os gols ou qualquer outra noticia sobre o "nosso" time preferido. Ele não sabe até hoje, que a minha empolgação e as mesmas perguntas automáticas de sempre, eram apenas pra eu sentir que tenho feito algo pra quebrar o "nosso" muro. O muro que foi bem planejado, desde muito tempo atrás. Com tijolos amargos que vinham a cada ano. Que caíam no meu coração, e que com o tempo, me fizeram duvidar que ainda existia um coração em mim. Sim, o muro não foi proposital. Sim, Deus sabe o que faz. Sim, talvez eu não tivesse os mesmos pensamentos hoje. Sim, as coisas acontecem porque deveriam acontecer. Mas a verdade é que infelizmente, eu sempre achei hipócrita todas essas explicações de quem nunca soube o que falar, e aí sim, deveriam ficar em silêncio. Podia sim ser diferente. Podia sim ser diferente. Podia sim ser diferente. E não foi por falta de fechar o olho antes de dormir, e fazer pedidos, que não foi diferente.
Certo tempo se passou. Não tenho nenhum tipo de "ferida negativa", não. Queria deixar isso claro, hoje. Deixar isso claro pra mim. Tenho repetido isso todos os dias. Eu preciso ter a certeza de que nada ficou mal apagado. De que antigas lágrimas não viraram pedras dentro do coração, que eu tenho alimentado com flores coloridas, pra que vire járdim.
Eu sempre amei o meu mal. Eu sempre amei aquilo que eu sempre tive medo. Eu sempre amei os dois monstros que guardei. Mas eu amei, porque era eu, a única reconhecida e protegida...Era eu, a única que mesmo na loucura, continuava sendo a mesma. Que continuava sendo a Laís Stefâni dos Santos Mota.
... Acordei para recebe-lo. Senti uma vontade longa de abraçá-lo. No impulso parei perto de você. E você seguiu o seu caminho. Eu segui o meu. E sempre deve ser assim.


Eu te amo.