sábado, 23 de outubro de 2010

Ou tudo ou nada.

Continua sendo dificil falar de tudo o que guardo aqui dentro. Nunca um sentimento me pareceu tão familiar, a ponto de eu ser capaz de descrevê-lo. Talvez por isso não saiba descrevê-los. Pura falta de intimidade com o coração dos outros, e com o meu.
Talvez porque eu queira ser incrível, surpreendente, inovadora, extraordinária, apaixonante e maravilhosa na vida dos outros corações. Talvez porque eu queira eletrizar a minha própria vida. Talvez porque eu pense que um bom sentimento, quebra rotinas. Talvez porque a minha ideia de "amor" seja um tanto diferente das outras ideias. Talvez porque eu prefira ser nada, do que ser mais ou menos para outros corações. Talvez porque pra mim, seja necessário muito mais para sentir um coração de verdade.
E ai, quando percebo que não estou conseguindo quebrar rotinas e que todo o meu afeto não está sendo o suficiente para encher um coração, eu me fecho. Me fecho porque penso que tudo é de mentira, então. E eu não preciso de mentiras. Eu quero lidar com verdades e criá-las. Eu quero misturar a verdade aos sentimentos. Aos meus sentimentos. E misturá-los com algumas músicas de aventura, com algumas viagens pra bem longe e com beijos e abraços que simplesmente aconteçam.
Eu cansei de me sentir metade. Eu cansei de me sentir metade amada, metade apaixonante, metade alegre, metade importante, metade exagerada, metade engraçada, metade estúpida, metade útil, metade vivída, metade introvertida, metade eu e metade vida. Agora eu quero tudo inteiro. Eu quero me sentir inteira. Eu preciso me sentir inteira. De nada adianta ter um coração dentro de si e metade dele dentro de outro coração, se essa metade não consegue completar o outro e enchê-lo de vida.
Querido coração, se antes de conhecer-me, você pulsava da mesma forma que pulsa hoje e se a sua vida continua rotineira e monótona, e se novidades continuam lhe faltando e se o ar que você respira continua lhe trazendo a mesma sensação, permita-me dar o primeiro passo para a despedida. Eu quero a intensidade de sentimentos que venham da alma. Eu quero me sentir única e exclusivamente abraçada. E talvez isso de fato não seja possível nesse mundo.
Vou tentando voar aqui dentro, fingindo que as asas já funcionaram um dia. Fingindo que me sinto parte de tudo isso. Vou tentando voltar á rotina de antes. Abrindo todos os livros que sempre foram lidos pela metade e tentando finalizá-los de uma vez por todas. Esse é o primeiro passo simples para conseguir preencher tudo o que falta para ser inteira.