terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Para você

Talvez agora eu saiba, amor. Talvez agora eu saiba o motivo de eu sempre me pegar esperando algo desconhecido. Algo sem nome, forma, sentido, palavras e sinais. Mas eu esperava. Esperava com sede e com um sentimento de cuidado e duçura, que parecia estar a ponto de receber um passarinho que acabara de machucar as asas. E aqui dentro, preparado há muito tempo, existia um ninho fofo e acolhedor, com uma vontade imensa de cuidado, que parecia não ter espaço para mais nada além dessa espera desconhecida.
Havia me cansado da espera, confesso. Me cansei tanto, que resolvi ir caminhando, sentindo o conforto do ninho e o alimentando com todos os sentimentos e coisas boas que via ao longo da caminhada, mas sem esperar mais nada. Comecei a roubar os sorrisos depois de aproveitados; os beijos apaixonados; os abraços tão bem encaixados; o entrelaçar de duas mãos que se beijavam tão apaixonadamente; o olhar sereno de quem queria ajudar, mas não sabia como o fazer; e as mordidas na palma das mãos, que sempre provocavam uma risada gostosa.
Roubei mesmo. Roubei até borboletas e flores. E junto com elas, vieram cores de céu, grama, beterraba, cenoura, morangos e de noite com pingados de estrelas.
Houve um tempo, em que parei de piscar. Não estava louca. Ou estava loucamente apaixonada por aquele que esperava tão fugazmente. Parei de piscar, porque tive medo de não conseguir fotografar com os meus olhos, o momento exato da chegada, do abraço e do laço sem volta. Depois, desisti. Fui aprendendo a acalentar o ninho. A driblar a espera. A cuidar e amar o invisível.
Isso. Amava o invisível. Não tinha ideia do que era. Mas amava.
Foi então, amor, que eu, em um desses "fechar de olhos", o reconheci. Sim. O reconheci. Porque o ninho não conseguiu controlar a vontade que teve de puxá-lo para ele. Mal sabia o que dizer. Por isso, preferi não dizer. Fiquei em silêncio, pensando na melhor forma de lhe oferecer o ninho e fazer com que você entendesse que ele já era seu. Mas parece que você já sabia. Me fale agora, como você já sabia? Como?
Lhe ofereço os bens que roubei pelos caminhos. Lhe ofereço o cuidado que guardei. Lhe ofereço a doçura de um amor sem medidas. Lhe ofereço o céu que te olhas de mansinho e as estrelas que dormem na palma de minhas mãos. Lhe ofereço meu sorriso terno e meu sopro quente. Lhe ofereço meu amor, meu amor.

Ps: Tava enjoada da cara e das cores do meu blog e resolvi mudar. Então, preciso agradecer o Jeft lindo, por ter me ajudado, haha. E por ter feito a árvore de borboletas mais linda do mundo. ;D