domingo, 4 de julho de 2010

No final, ela é a letrinha.

Ela quer poetizar as falas, os cantos, os gestos, os erros, as loucuras, as normalidades, a fome, os medos, os sonhos, os obstáculos, os muros, as pontes, as borboletas bem vestidas, as lagartas antes de se descobrirem borboletes, os sorrisos vestidos, as lágrimas sofridas, os monólogos angustiantes e os cheios de comédia, o platonismo, o proíbido, o que ninguém acredita poder virar poesia. Ela quer poetizar aquilo que não se poetiza. Entra em seu casulo e vai tecendo a sua seda. A até então, lagarta, vai virando aos poucos borboleta...E então, enquanto vai costurando as suas próprias asas, cai bruscamente no chão. Se machuca. Derrama umas lágrimas de impaciência, arranca a quase metade das asas costuradas e levanta. Começa tudo de novo. Dessa vez esquece o que a fez cair, mas lembra-se de não cair novamente pelo que esqueceu. Algumas insatisfações a perseguem. Nada que escureçam totalmente o seu dia, todos os dias. Mas já chegaram a escurecer gradativamente, alguns dias. Então...Olha pra trás, como se procurasse alguma forma de reverter os pingos escuros de sua lente ultra desembaraçante de nós. E consegue. Vê que o querer, lá do começo desse amontoado de palavras, são sim o poder. Sua vida é uma poesia. E quem envolve sua vida, vira poesia também. Como mágica que encanta os ares e que inventa novas cores aos nossos olhos. Não é lindo se ter como o próprio poeta?! E qualquer letrinha fora do lugar, pode-se, simplesmente, passar a borracha e começar tudo de novo. Mas desta vez, não procure encontrar o lugar da letrinha! Pra quê perder tempo em enganos passados? As letrinhas certas, aparecerão nos lugares certos, desde que você as escolha sem as procurar. Isso só parece dificil, acredite! E escolher encontrar, sem antes ter procurado, é a coisa mais estrelada que já pude dizer.
E ela, queridos...Tenho que confessar. Ela é a letrinha fora do lugar. É a letrinha que não tem lugar. Não aqui. Mesmo sendo ela, toda essa sincronia de palavras.