Dizem por aí, que ele é um jovem senhor, fugaz e imprevisível. Dizem que ele, quase invisível, passa tão depressa que ninguém jamais conseguiu vê-lo. Dizem que ele é mau e também dizem que é bom. Uns querem que ele passe depressa. Outros querem que ele demore tanto a passar, que tudo acaba demorando, menos ele. Dizem que ele tortura. Dizem que ele voa quando precisamos que ele ande como um velhinho, sem tanta pressa para chegar. E dizem que ele quase não anda, quando mais esperamos os seus passos corridos.
Temos que ser astutos também. Temos que aprender a não nos preocuparmos com esse jovem senhor. Temos que aprender a driblar e controlar a nossa vontade de acelerar ou pausar os momentos, os acontecimentos, as histórias, os beijos, os abraços, as gargalhadas e a vida.
A gente pode viver uma coisa de cada vez. Podemos saborear a vida, sem precisar perder o sabor de nada pelos caminhos. Mas se a gente quer acelerar demais, a gente começa a apenas engolir, sem sentir o gosto daquilo que comemos. E se pausamos demais, a gente para de descobrir a vida e isso é o fim. A gente passa a viver uma só coisa e não descobrimos nunca qual será a ultima cena.
Mas como sempre, eis aqui uma contraditória. Eis aqui, alguém que odeia teorias. Nada pessoal. É apenas alguém que nunca consegue ver a mesma facilidade das teorias, nas práticas. Portanto, peço eu, ao jovem senhor chamado tempo, que pegue mais leve comigo. Me dê o comando do jogo. Ou pelo menos, que me faça esquecer de sua existência.
Tempo, tempo. Vamos conversar ali fora? A gente pode tomar uma xícara de chá de calma pra ver se o tempo passa.